Cada reminiscência emoldura um momento,
desenhando fotografias que nos compõem. Apercebemo-nos mais de nós mesmos ao
olhar pro espelho e permitirmos enxergar nosso reflexo através dos retratos de
ontem, entendermo-nos como a consequência de nossos próprios curtas e longas metragens.
Constitui-nos mais as características agregadas que as genéticas. Constitui-nos
as músicas que ouvimos e seus intérpretes de chuveiro, os passos de dança não
ensaiados e os atores sem seleção de currículo, os que dividem palco com nossos
personagens, criados não intencionalmente. Somos nossas fomes da alma. Constitui-nos
mais os rascunhos de nossas poesias que o produto final delas, já lapidado. Somos
mais que os contornos invertidos e móveis que enxergamos no espelho. Do passado, incrusta-se na bagagem o saudoso, o vil e o indiferente. Somos os vestígios
do ontem, resultado de resultados.
Karina Moraes
02/11/2012