Archive for abril 2015

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Hoje conheci um rosto! O rosto de um vizinho! Mas não era um vizinho qualquer... era um vizinho cujos pés eu já conhecia. E não era só os pés... dele, conhecia também sua cama e seu cobertor. Sim, os pés, a cama e o cobertor! Sem engano, os meus pés também eram conhecidos seus mas, acima dos tornozelos, não sei até onde os olhos daquele sujeito foram capazes de percorrer nos dias sempre corridos. Com o perdão das repetições, o que conto é mesmo isto, crê! Nos encontrávamos os dias todos, subsequentes, mas nada além dos pés um do outro conhecíamos. Hoje, veja bem, hoje descobri o rosto que aqueles pés carregavam! Sim, estavam lá, sem engano: uma boca cerrada, um nariz estampado no meio da cara, um par de sobrancelhas e enormes olhos arregalados. E eu vi essa composição in-tei-ra! Eu, com meu nariz estampado no meio da cara, meu par de sobrancelhas e a curiosidade pregada na retina dos olhos que se arregalaram... Fui descoberta! E fui descoberta por aquela criatura que se aninhava en/coberta. “-Tia, me paga um lanche?”
30/04/2015


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...e cá, me desvestindo de meias vestes. Dos não acontecimentos, do morno e do raso, dos meus desacontecimentos. Êta coração que quer! Êta sangue quente em maratona! Como desvestir se a roupa ainda serve e o novo não apraz?! Libriana, chata! Enxerga-te tu mesma, assim, como nas descrições que te são ofertadas sem encomenda! Enxerga-te quente, viva, lá e cá, bonita, mulher, grande, agarra o mundo sem te apegar a ele, agarra como sempre fez com o desapego que nunca soube ter! Sê assim, tal qual descrições que há pouco te fizeram debruçar em reflexões: crueldade na doçura. Doce? Sim, sê sempre doce! Mas "crueldade" é palavra que não reside em ti! Não acredite, não adote! Como ousam te rotular assim?! Por respeitar tuas próprias vontades sem ceder aos caprichos de outrem?! Lembra-te: tantas vezes traiu a ti mesma... Respeita o teu querer, não te force a outros, não te condene por tuas negações à racionalidade, aceita-te! Olhe pra trás se quiser olhar e continue carregando contigo o que acredita que ainda possa te acompanhar. E sê linda, tão linda quanto te descrevem, tão linda quanto aqueles que não conhecem tuas fraquezas creem que tu seja! 

Descrição


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"Mulher do cabelo liso e nariz estreito em pele preta; do sorriso que brinca e das bochechas que apoiam os olhos amendoados; do par de panturrilhas que se desenham em pernas fortes, sobre os pés que ousam dançar o mundo, sob o abdômen rijo que sustenta seios fartos... Menina lenda 'Powhatan', guerreira de madeixas longas, fugida de clássico infantil; menina, pequena gigante das veias grossas, menina... (...)"


Escreveu-me.

E eu cá bailando na musicalidade bonita que carrega a descrição... Mas, diga-me tu: há nela, poesia ou estereótipo? Lê-me com olhos teus ou cria em mim personagens pros teus fetiches? Sujeito bonito de palavras macias, cujos textos, porém, não encontrarão os meus.


 04/2015

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