Archive for março 2013

Tempo, eu, tempo, tempo


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Ela quis escrever qualquer coisa que definisse o papel do "eu" no tempo. Não sabia bem se era ela que mudava o tempo, ou se era o tempo que mudava ela. Sabia que existia alguma relação muito estreita nisso tudo, mas estava mesmo é de saco cheio dessas reflexões com as ordens das palavras. Ou com preguiça, talvez. Fotografou a luz e correu sob o chá. Em suas fotografias a luz virou uma estação de trem e o chá se transformara num viaduto. E nesse jogo de alusões, o lúdico logo se transfigurava em asfalto e concreto. De cima de um arranha-céu, teve exatos cinco minutos pra cair na real: faltava crescer ainda um pouquinho mais pra que o céu se deixasse arranhar. Tentou com os olhos destampar o Tamanduateí e pintar as lavadeiras da Várzea do Carmo. Tamanha pretensão, o cair da tarde levara as lavadeiras embora. A Várzea já não estava lá e o Tamanduateí também não. Nas fotografias? O saudosismo. E a força do tempo com o próprio tempo. 18h15. Onde estava mesmo o bilhete do metrô?!
                  Karina Moraes
31/03/2013

Ritos de Passagem


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Medo de voltar pra casa
Medo de sair de casa
E encontrar tudo no mesmo lugar

Medo de abrir os olhos
Medo de fechar os olhos
E enxergar o que não quer nem imaginar

Quanto tempo faz? Uma semana atrás?
No topo do mundo, na crista da onda
Numa euforia de se estranhar
Pouco tempo faz! Uma semana atrás!
No topo do mundo, na crista da onda
Um mergulho em busca de ar

Tudo mudou, ela acordou
Estava onde nunca quis estar

Livre para ir e vir
Para ficar onde está
É outro modo de ver a queda

Livre como sempre quis
Livre como nunca imaginou
Só outro modo de ver o muro desabar

Tudo mudou, ela acordou
Estava onde nunca quis estar
Ela mudou, tudo acabou
Ela está pronta (?) pra recomeçar


(Engenheiros do Hawaíí)

23/03/2013

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