Archive for abril 2012

Observadores


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Os passos são rápidos, apressados pelo atraso. Desaprendemos do trabalho de observação. Inação do “contemplar”. A vista percorre corredores: do metrô, do trabalho, do ônibus, da escola. E as paisagens não se formam. A mecanicidade dos ponteiros marcando as horas compõe angustiante e infindável melodia. Somos escravizados pelo relógio, diariamente! Tornamo-nos imperceptíveis por nós mesmos. Não apercebemo-nos. Não nos deixamos aperceber. Perdemos sorrisos, olhares. Perdemos sons, cores, perfumes e gestos. Cegos pela ânsia de chegar. Quão privilégio deveria reconhecer em si o desenhista, o fotógrafo e ofícios a estes assemelhados, movidos por aquilo que todos os outros permitem morrer com a maioridade: a arte de observar!
Karina Moraes
23/04/2012

Dispersar


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Eu perdi todas as ideias de texto num momento de lapso de memória e flash de lembrança. Esvairam-se no suspiro... Gosto amargo e doce de nostalgia. Emaranhar de pensamentos das vivências de um outro momento e das doses do agora que conduzem à embriaguez.

21/04/2012

Recepção do desconhecido


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Estranha recepção do desconhecido, que se esvai em meus abstratos pensamentos... Afigura-se em um “querer”,  mas sem tocar-lhe. Em um “desejar”, mas sem procurar-lhe. Distancia-se em corpo, em copo de abstrações. Desgarra, provoca o indagar. Revela-se em confusas conclusões, de fatores diversos em conjunto... tão longe de agregarem sentido. Desfaz-se em palavras. Palavras apenas. Pequenas, simples, aleatórias. E dóceis! Dócil demais pra conferir entendimento. Apenas, apenas palavras. Desfaz-se em música... Em canções que não são as minhas, mas que me compõem em seus instantes. Quantos turbilhões de devaneios cabem nos breves momentos desfeitos em fugacidades? Decifra-me ou devoro-te? Devoro-te na ânsia de lhe decifrar. 

04/2012 

Pra lhe refugar: um recanto,


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Um refúgio!

Pra me desencantar, pra me retificar o canto.

Que me refaça em razão, que o rarefeito já não me convém.

Um refúgio! Que me reduza ao riso, mas não me reduza o riso.

Que riscar-te é um risco, que não riscar-te também.


Um refúgio! Que ria de mim e que eu ria do acaso!

Que até refrigere, se assim preciso for.

Que me refreie, mas que me livre do descaso!

Karina Moraes
10/04/2012

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