Archive for maio 2014

Temporalidades


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A gente entende temporalidades em função do sentir que, por sua vez, desobedece os marcadores do relógio e do calendário, cujos pesares são determinados por pura convenção ocidental, ignorando as sensações do corpo e da mente. O calendário acaba ditando quem é o amigo e quem é o desconhecido, e ditando qual a quantidade de tempo necessária pra que a distância entre ambos se anulem e o segundo possa, então, ser considerado o primeiro sem o risco de parecer precoce. Eu digo "que vá a merda!" essa babaquisse de racionalizar o espaço de tempo pra que uma sensação se torne outra sensação e uma forma de enxergar se torne outra forma de enxergar. Eu lá quero ser cautelosa? Quero nada! Quero mais é me jogar nesse mundão e dizer "venha", que aventuras e desventuras também me completam!

Sempre me atentei ao tempo que julgava conveniente ao proceder de cada agir, acho mesmo que tou envelhecendo com doses de adrenalina que alimentam a falta de paciência pra qualquer vestígio de inação. Tou achando ruim? Que nada! Tou me despindo mais de certas formalidades que só atrasam aqueles que querem mas que temem. Querem sei lá o que, temem sei lá o que... esse formigamento de vontades que a gente nem sabe direito definir, fome de cores vivas talvez. Tão racionando sentimento, se poupam tanto que se poupam demais. Tou de cara prá vida! Tou caminhando sem muitos alardes pra "tragédias" ou não acertos.

As minhas responsabilidades? Com sono e cansadas, mas vão muito bem, obrigada. Prossigamos vivendo de inteiros, que a gente se rasga mas se resgata. E eu continuo atropelando minhas próprias palavras, "ok", ansiedade é mesmo o transbordar do presente que insiste em se embebedar de futuro. Se é pra ser, aceito a ressaca! Coisa estranha, que aperreia tudo aqui dentro, com vários anseios da alma. Bom, não só da alma. Mas eu aceito a condição, que é pra tudo ser de verdade, ainda que verdades sejam por vezes momentâneas... pq cê sabe que ora ou outra eu sou assim também, né? Ou é agora, ou pode nunca ser, e o nome desse bicho é inconstância. Sei lá, parece que crio asas mergulhando.
Karina Morais
14/05/2014

:)


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E o que eu queria mesmo era ver a pele envelhecer se enrugando na queda d'uma cachoeira. Fotografar algumas criações malucas (de autoria própria, dessas que ninguém decifra mas acha graça), talvez com galhos secos, papel e urucum e, por falta do que chamar, diriam se tratar de "arte contemporânea". A gente poderia, sei lá, inventar e reinventar o ócio, ressignificando o tempo a nossa maneira e bel prazer. Poderíamos nos despir do relógio, celular, calendário (e de tudo mais que fosse mania ocidental), não ter hora pra ir, nem prazos pra voltar. Experimentar sinestesias. E, se por ventura um dia nossas aventuras perdessem o motivo de ser, que livres aceitássemos sua ciclicidade, entendendo que nossos propósitos são também nossos próprios despropósitos.

Karina Morais
06/05/2014

...about love and handcuffs


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De certo que o amor é uma coisa boa. Mas igualmente grande a sua beleza e deslumbre é também sua periculosidade. Os distraídos afirmam-se no amor com atas e vendas, inseridos em uma lógica que faz deste mesmo amor uma ferramenta de manutenção das relações de poder. Beleza, deslumbre e perigo. O amor é, por vezes, o estado de espírito que internaliza a condição de opressão.

Karina Morais
23/04/2014

moon


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A pérola que hoje, rubra, enfeita a abóboda celeste, se reveste em manto de neblina, envolta em turvo véu, do céu que cobre São Paulo. Quisera eu que meus poetas do interior, com os pulmões mais leves que o meu, soubessem descrevê-la tão fielmente quanto meus olhos fariam, longe do concreto e do asfalto...

15/04/2014

clock


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Os calçados que repousam fora dos pés e os pés que repousam fora do relógio. A coluna que se desnuda da rotina. A rotina que "tic-tac". Todo e qualquer símbolo de controle do tempo,

é uma barbárie!
Karina Morais
04/04/2014

march


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Hora de guardar as roupas curtas, vestir os pés e a pele e deixar a janela menos,
mas ainda assim entreaberta, que é pra noite refrescar os tecidos
que se equilibram a temperatura do corpo, imerso no repouso.
Pequenos prazeres pr'aqueles cujo vento gélido é bem vindo! 
O frio, ainda tímido, começa a resfriar São Paulo
e a tocar a carne das gentes que dormem
sob colchões e calçadas vivas.
É fim de março!

Karina Morais
27/03/2014

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