Archive for novembro 2012

Livre arbítrio


.

Liberdade de escolha foi algo que passei a respeitar desde bem cedo. A partir do momento que aprendi a andar sob as minhas próprias pernas percebi que tudo o que chegaria até mim seriam consequencias unicamente de meus atos e mais ninguém além de mim poderia arcar com elas. É por esse motivo que nada do que faço é desprovido de um pesar. Analiso muito bem onde piso sem precisar de repressões ou puxões de orelha. Sou articulada o suficiente pra romper com os "fios de nylon" que a sociedade insiste em prender em nossas mãos e pés, tornando-nos marionetes. E assim vou traçando minha vida, conciliando responsabilidades e momentos voltados ao que gosto de fazer. E os gostos particulares são tão diferentes, não é?! Exercer essas distinções sem temores diante dos olhares sociais é o que se convencionou chamar de "liberdade". Eu optei por entrar ou não em uma universidade; eu optei por um curso; eu optei por levar a sério ou não esse curso; eu optei pelas minhas companhias; eu optei por namorar ou não; eu optei por alguns estilos musicais; eu optei me especializar em alguma vertente artística; eu optei por me especializar em alguma vertente acadêmica; eu optei por integrar ou não um grupo voluntário; eu optei por ter ou não uma religião; eu optei por gostar ou não de futebol; eu optei por ser ou não vegetariana; eu optei por ir à balada ou reunir poucos amigos pra tocar violão; eu optei por morar fora ou não; eu optei pelas minhas crenças; eu optei pelas minhas roupas; eu optei por alguns posicionamentos políticos; eu optei por algumas viagens; eu optei por comprar livros ou joias; eu optei por dançar balé ou funk; eu optei pelo respeito ou desrespeito à vida alheia; eu optei por uma peça de teatro ou uma festa rave. Cada escolha implica uma renúncia. Todos os dias somos bombardeados de opções que só dizem respeito a nós mesmos. Opiniões são sempre muitíssimo bem vindas, desde que desprovidas de preconceitos ou apontamentos e, certamente, a partir do momento em que o outro se dispõe a compreender e aceitar um mundo distinto do que vive. Tenho sérios problemas com julgamentos alheios, bem como com qualquer tipo de imposição. Em contrapartida, também admito que não é difícil me ofender quanto a isso: basta uma riso em tom de escárnio pra me deixar arisca e querer defender meu espaço. E, pois é, pra alguém que vive em um campus de HUMANAS, pesquisa escravidão, faz teatro e respira MPB, não poderia ser diferente mesmo. Minha percepção com indiretas é extremamente aguçada. O mundo é plural e a intolerância com as escolhas alheias em pleno século XXI é puro retrocesso!

Karina Moraes
19/11/2012
 

Revisão


.



Refletir os restos e os reflexos, a falta de retorno e o recurvar dos discursos; ressignificar a nostalgia, resumir em retratos. Reaver-se e retratar-se das próprias rendições e retrocessos. Reavaliar os verbos, os rumos remediados, os risos sem razão, a vida em recesso, os receios e os recalques; relegar as reles palavras rebuscadas e as ruínas poéticas; revisitar refúgios. Redescobrir relicários; remendar os retalhos; arrumar as redes, rearranjar os remos e os roteiros; revigorar-se sem ressalvas. Rememorar a beleza rouca; brindar reminiscências e as recônditas amenidades da alma. Auto retificar-se das irrequietudes refutáveis.

Karina Moraes
03/11/2012

Sou soma


.


Cada reminiscência emoldura um momento, desenhando fotografias que nos compõem. Apercebemo-nos mais de nós mesmos ao olhar pro espelho e permitirmos enxergar nosso reflexo através dos retratos de ontem, entendermo-nos como a consequência de nossos próprios curtas e longas metragens. Constitui-nos mais as características agregadas que as genéticas. Constitui-nos as músicas que ouvimos e seus intérpretes de chuveiro, os passos de dança não ensaiados e os atores sem seleção de currículo, os que dividem palco com nossos personagens, criados não intencionalmente. Somos nossas fomes da alma. Constitui-nos mais os rascunhos de nossas poesias que o produto final delas, já lapidado. Somos mais que os contornos invertidos e móveis que enxergamos no espelho. Do passado, incrusta-se na bagagem o saudoso, o vil e o indiferente. Somos os vestígios do ontem, resultado de resultados.

Karina Moraes
02/11/2012

Twitter @kollim

    Siga-me no Twitter