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Amo e odeio a cidade, concomitantemente, o tempo todo. Tenho me percebido num estilo de vida que gosto, mas que questiono. Parece incessante a busca pelo preenchimento do tempo. Não sei o que é simplesmente "estar", sem essa coisa frenética de me perder em calendário, relógio e continuar achando que ainda é pouco, que eu poderia e deveria fazer mais. Depois usar tudo isso de pretexto pra me transbordar em alguns outros excessos. A gente se adapta à caoticidade e adota um estilo de vida tão caótico quanto. Na real, também não sei se tô afim de uma outra postura frente a isso. E não sei se é por gostar que seja assim, ou se é por simplesmente não estar disposta a encarar mais uma luta de readequação. Tudo o que faço me é claro de sentido e razões. Tudo! Em contrapartida, nem sempre sei elencar prioridades, não sei dosar o dispêndio de energia pra isso ou pr'aquilo. Essa coisa de "deixar tudo fluir" tem me enjoado, preciso saber pra onde corre o fluxo da maré e o que eu espero da correnteza. Tenho considerável dificuldade em tomar decisões, mas sou verdadeiramente segura comigo mesma e isso me faz crer que devo ter tudo sob controle, em absoluto, que é pra não titubear. Exceto pra um lado místico que ainda procuro conhecer, abstração definitivamente não é meu forte. Prefiro a praticidade e objetividade das coisas. Indefinições me cansam, em todos os aspectos, embora reconheça que por vezes seja eu a procrastinar as definições. Parece confuso, é confuso pra mim também. E assim seguimos bailando nossas próprias contradições, amores e desamores, com a cidade, com os sujeitos que nos compõem, com o tempo.

Karina Morais
26/08/2014

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