1ª Pessoa do Singular


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Desde que me reconheci enquanto sujeito social que – como todos os sujeitos sociais – porta capacidade de articulação política, busco pensar em como se projeta cada uma de minhas ações e perceber como são construídas as opiniões, minhas e daqueles que me cercam. Desde que me reconheci enquanto sujeito político-social, minha vida é constante desconstrução e reconstrução e tô o tempo todo me policiando quanto a esses nivelamentos. A diferença é que hoje eu sou segura o suficiente pra conseguir afirmar determinados posicionamentos que em um outro momento eu recearia falar, e a não ignorar aspectos da sociedade que talvez eu ignorasse por escolher ignorar. Eu respiro e vivo em função de uma identidade ideológica seguramente definida que, não obstante, frequentemente se coloca em conflito com tudo o que um dia me ensinaram e me doutrinaram a acreditar (por também se tratar das ideologias que perseguiam).

Repare que eu não tô falando apenas de objetivos. Objetivos eu os tenho (e me conforta tê-los) mas, aqui, digo mesmo é de ideologias! Tem noção do quanto isso é forte, meu caro? São elas que me norteiam e são a elas que eu me agarro quando a fé é pouca. A fé em mim mesma, saca? São elas que não me deixam renunciar tanta coisa que me faria oscilar e são a elas que canalizo toda energia quando a fonte parece secar e a apatia toma conta de tantas outras questões da vida em sociedade. Confesso que, dado o sistema em que estamos inseridos, isso é um bocado angustiante: falta braço e tempo. A gente queria mesmo é abraçar o mundo! Fôlego tem, e perna tem também (ainda que por vezes nos convençamos do contrário)! Sabe, só queria registrar que tenho me sentido bastante empolgada com a atuação política. Não é lá nenhuma novidade, mas eu tô mesmo num momento enérgico pra isso. Tenho me deparado com ideias novas e com pessoas lindas – de coração e de luta – que se somam no caminho.

Muito tem me estimulado levantar a bandeira pelo plebiscito popular a favor de uma reforma do sistema político. Muito me estimula integrar um Coletivo que confio e que ajudo a construir. Muito me estimula estarmos trabalhando – dentro desse mesmo Coletivo – junto às escolas públicas e debater política com uma garotada que talvez jamais se interessasse por isso. Muito me estimula estar na luta feminista e encontrar mulheres maravilhosas dispostas a levar a frente ideias de ações em prol da igualdade de gênero em todas as instâncias. Sabe, minhas fomes político ideológicas crescem vertiginosamente e se mostram insaciáveis. Eu gosto disso. Na real, na real, eu só precisava escrever que eu tô feliz por estar incentivada. Não com as conjunturas atuais, mas por me sentir útil àquilo que persigo, sem precisar de holofotes. Eu preciso contar que eu tô estimulada, que é pra eu lembrar depois, naqueles momentos que a gente tem vontade de jogar tudo pro alto e vestir logo o discurso derrotista. Eu não nego as minhas inconstâncias e eu tenho ciência que o otimismo de hoje pode não ser o de amanhã. Isso me dá medo às vezes, mas política é quebrar a cara também, porque o mundo é torto e a gente precisa aprender a ter jogo de cintura, que é pra não enlouquecer... mais.

Karina Morais
12/08/2014

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