Ser estranho com gosto de néctar. Com gosto de dúvida. Com gosto de veludo. Com gosto de querer. Que me olha. E me olha antes que eu tenha tempo de disfarçar a reciprocidade. Não é minha lentidão em curvar o pescoço na direção contrária mas o momento que, fugaz, se faz hipnótico. Quantas vontades guardam um olhar. Quantas certezas guardam a ressaca da beleza no amanhecer. Segurança tanta que paradoxalmente se esvai ao longo do dia seguinte. Na ausência. Suco de descrença no timbre da voz, no pronunciar que há pouco se fez tão doce e querido. Que nos ápices que alternam ternura e indiferença, me leva a embriaguez. Sem me enraivecer. Por te gostar tanto...
Karina Moraes
02/2012