Ai
daquele que nos disser que gente velha se mede por idade! Desapego às falsas
moralidades, desapego à neurose da louça sempre impecável, desapego aos pudores.
Aprendo e ensino a exercitar a jovialidade com quem me resguardo sob o mesmo
teto. Optamos pela antioxidação do tempo, para não nos tornarmos arquivos de
metal passíveis apenas de armazenamento das informações diárias. Despimo-nos de
tantas formalidades e isso nos faz respirar mais a vida e menos os
aborrecimentos. Em uma noite qualquer, optamos por deixar as portas abertas pra
que outros risos se somem aos nossos. Não convidamos números: convidamos as
mesmas frequencias, os mesmos ritmos, mas uma variedade de notas, pra que não
faltem acordes em nossas melodias não ensaiadas. Estreitamos laços; aumentamos
a música e cantamos em voz alta a fim de isolarmo-nos dos sons externos da
caótica monotonia urbana. O desconhecido não nos causa medo, nos causa
curiosidade! Humanizamo-nos mais em relação ao próximo, filosofamos com os
bêbados da rua sem receio ou repúdio. Permitimo-nos gargalhar aleatoriamente e
sem ressalvas, por entendermos que as espontaneidades são mais sinceras que as
poses.
É por isso que nos planos de futuro se desenha uma placa com letras neòn: Xô síndrome de velho, que aqui não tem espaço pra você! Já disse ao meu médico, na bula do meu remédio agora só leio Arnaldo Antunes: "eu quero é viver pra ver qual é, e dizer venha pra o que vai acontecer! Eu quero que o tapete voe no meio da sala de estar"!
É por isso que nos planos de futuro se desenha uma placa com letras neòn: Xô síndrome de velho, que aqui não tem espaço pra você! Já disse ao meu médico, na bula do meu remédio agora só leio Arnaldo Antunes: "eu quero é viver pra ver qual é, e dizer venha pra o que vai acontecer! Eu quero que o tapete voe no meio da sala de estar"!
Calúnia contra a vida culpar o tempo por
nosso envelhecimento! A tal da velhice... coisa que só chega em razão da
maldita e inevitável mecanicidade que nos sujeitamos ao atingir a “fase”
adulta. A rotina cada vez mais nos acondiciona aos
ponteiros do relógio, robotizando-nos. Desaprendemos a sermos jovens e nos deixamos enferrujar. O estresse
urbano passa a estar tão contido em nossas veias que a intolerância não cede
espaço às ousadias menos costumeiras. Deixamos o espírito adormecer ao que foge
à rotina, e então nossos ombros passam a pesar mais que o normal. Nossa
vitalidade se perde na medida em que nossos lábios se enrijecem e a mente se
desgasta mais rápido que a pele. Já
dizia Cecília Meireles querer "segurar a juventude" e "prender o
tempo na mão". Eu digo que coleciono a juventude e o tempo, nas rugas que
um dia marcarão minhas mãos! Intolerável é render-se a si mesmo quando o eu
se acomoda na desculpa do cansaço.
Karina
Moraes
10/01/2012