Percebo me sentir mais
próxima da completude cada vez que encaro um gesto sincero, como peça obrigatória
do meu interminável quebra-cabeça. Fiz de mim uma colecionadora de bons
momentos. Guardo os abraços mais fortes e descarto aqueles que foram dados só
por conveniência. Se também guardo as besteiras que ouço, é por perceber a
importância das confidências que nelas estão implícitas. Tomo como exercício
diário me despir de tudo o que me bloqueia. Não coleciono pessoas, coleciono a
essência que há nelas. Tenho inúmeros colegas, e agradeço por tê-los, mas faço questão
de alguns poucos e bons. A esses aponto como “amigos”! Não escolho a quem
oferecer ombro, minha recepção ao “outro” se dará pela conquista. Costumo viver
de inteiros. “Intensidade” passou a ser uma constante. Tenho medo de viver
padrões, mas pouco me importa viver alguns bonitos clichês. Gosto dos que
ousam, dos destemidos e dos que admitem temores. Passei a evitar os fúteis e
não substanciais. Passei a sentir mais, a querer mais, a me doar mais, a
aprender mais. Reconheço facilmente quem vive de aparências. “Pose” é algo que
me causa asco. Não me refugio em qualquer colo. Gosto de olho no olho. Não
tenho medo de exposição, falo o que tiver vontade e isso costuma me levar mais
leve pra casa no final da tarde. A cabeça junto ao travesseiro é uma
recapitulação do que foi o dia. Desfaço nós. Guardo a energia de todos aqueles
que me acrescentam. Estou o tempo todo abraçando em pensamento. Gosto de pele,
de contato, de apertar bochechas, de brigar brincando. Gosto de crianças e mais
ainda de idosos. Gosto dos cinqüentões com espírito de vinte e dos raros dezoitinhos surpreendentemente adultos. Gosto de gente que soma, gosto dos “de verdade”!
Karina Moraes
07/06/2012