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Sabe, eu tenho um blog. Eu nunca mostro, mas eu tenho um blog. Nele há meia dúzia de linhas em cada texto e meia dúzia de textos sem desfecho ou revisão. Tudo o que me proponho a escrever me é sempre tomado de assalto pelo sono. Nunca um rascunho deixou de ser rascunho e raramente releio o que escrevo. Evito esse tipo de encontro. Qualquer rabisco já nasce produto final e eu tenho me tornado perita em coisas inacabadas. Sobre o ontem, recordo mas não penso. Temo as doenças contemporâneas e não me permito morrer de nostalgia, reminiscências e amores. Sobre o amanhã, os pensamentos todos quase saltam pelo nariz. Pelo nariz, pela garganta, pelas cutículas, pelo diafragma... Faço logo uma planilha, cheia de cores e colunas, e abraço o mundo num Excel 2016. Pretendo viver mais uns 100 anos, preciso urgentemente me reconciliar com o tempo, me retratar com o sono e fazer do meu corpo um lugar habitável.

08/2016

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