Há muitas nuvens e é possível acompanhar o
movimento de todas elas. O contraste é latente num céu tão escuro quanto a
caneta que escrevo. A música que ouço não é capaz de vencer o ruído dos autos,
tampouco o cigarro aceso supre a angústia de um prédio se erguendo frente a
minha janela. É, eu não fumo. Certa vez um amigo disse que o caos está dentro
de nós. Parei de medir o tempo, em verdade não sei quantas folhas de calendário
se passaram desde a nossa última cerveja. Em verdade não sei qual foi a última mesa
de bar em que não falei sobre faculdade e trabalho. Habituei-me a reclamar da
ausência de queridos, mas sou incapaz de me fazer presente. Tenho me tornado
tão passageira quanto aqueles que o coração guarda nas reminiscentes
efemérides. Tenho
dificuldade em me desapegar de vínculos. Contraditória a mim mesma, tenho
dificuldades em manter vínculos. Embora não sem dor. Há muito tempo não consigo concluir qualquer
reflexão que me proponho a escrever. Tenho vivido as 4 estações do ano em um
dia. Calculo 6 horas de sono e comemoro quando cumpro 4. As estações se repetem
nos dias que correm e eu não sei como lidar com as corriqueiras oscilações.
Preciso encontrar tempo pra dançar. Sem a necessidade da embriaguez. E de uma
samambaia na janela.
12/2015